Em março de 2020, a B3 publicou um estudo em que aponta que o número de pessoas físicas investindo na Bolsa de Valores aumentou em 164% quando comparado com o ano de 2018. Há diversas hipóteses sobre o motivo do aumento de CPFs na bolsa, mas há quem diga que a resposta pode estar no cenário macroeconômico.
Uma destas pessoas é Isabela Perez, Analista de Relações com Investidores da Rio Bravo Investimentos. Ela comenta que “tivemos uma alteração total da conjuntura que é palpável na base de investidores. Cada vez que havia um degrau a menos de taxa de juros, vinha uma nova leva de investidores.”
Outra hipótese levantada é a do aumento de influenciadores digitais de nicho, voltados ao mercado financeiro, como Nathalia Arcuri, do Me Poupe! ou Thiago Nigro, do Primo Rico. Essa hipótese ainda fomenta a resposta para uma dúvida que paira o mercado das RIs desde o boom das redes sociais, que é como aplicá-las na estratégia de comunicação da área de Relações com Investidores de forma efetiva.
Vimos, em meados de 2010, diversas tentativas frustradas de companhias listadas na bolsa de engajar seus investidores através do Twitter ou do Facebook, o que gerou uma sensação no mercado de que o público que acessa esses canais não tem interesse em se informar sobre o mercado financeiro.
Como as empresas de capital aberto devem utilizar as redes sociais?
A diferença da abordagem das empresas de capital aberto no início da década para os influenciadores digitais nos últimos três anos é o foco na informação. Enquanto empresas buscavam informar analistas de mercado através de canais diferentes, influenciadores buscam educar pessoas comuns sobre o mercado financeiro.
“Quando falamos de investimentos as pessoas pensam que é inacessível, que precisam investir dez mil reais para poder entrar em um fundo desse por exemplo, mas na verdade não, temos também muitos fundos com um patamar de cem reais. Logo ter acesso a essa informação é crucial para que as pessoas possam desmistificar os investimentos, que não é algo complicado e que ela consegue acompanhar”.
Isabela Perez, Rio Bravo Investimentos
Ou seja, o movimento de trazer a informação sobre o mercado de investimentos para as redes sociais ajudou a desmistificar e democratizar a área de investimentos.
E os canais tradicionais?
O aumento de CPFs nas bases acionárias das empresas é relevante, no entanto, não podemos deixar lado os canais tradicionais que ainda são utilizados pela maioria da base.
É importante lembrar que os investidores não se alimentam sempre da mesma fonte de informação. Alguns são guiados pelas redes sociais, outros por um assessor e ainda, alguns conhecem muito bem o mercado financeiro e conseguem compreender textos utilizando jargões do meio.
O caráter informativo e educativo das redes sociais, ainda, abre espaço para que as empresas eduquem seus novos investidores através de suas publicações, ensinando tanto conceitos comuns ao mercado financeiro, como também instruindo e apresentando ao investidor recém iniciado nesse mercado o site de Relações com Investidores e a existência de canais como E-mail Alerta e Fale com RI.
O desafio das empresas é produzir conteúdos distintos para cada um desses canais, adequando sua linguagem ao público que a consumirá. Ou seja, a linguagem utilizada em um e-mail alerta, que já é uma ferramenta consolidada no mercado, não é a mesma que deve ser usada em um tweet, por exemplo. Os públicos que consomem essas informações são distintos, e a forma que a sua empresa se comunica com eles, também precisa ser.